terça-feira, 11 de agosto de 2020

Ater em São Paulo

                                                                                                          *Eng. Agr. Hemerson Fernandes Calgaro


A produção de alimentos, atividade realizada no meio rural ou até mesmo em áreas urbanas e periurbanas, é prática rotineira na vida do agricultor(a) e sua família, pessoas responsáveis pelos produtos que chegam à mesa da população todos os dias. Mas para que esse ciclo se complete, ao lado dos produtores estão os extensionista rurais, técnicos que os auxiliam na produção desde o planejamento, semeadura, condução, manejo, tratos culturais, colheita, comercialização e acesso ao mercado, bem como na organização social pela formação de uma associação ou cooperativa, ou ainda, na consolidação de uma rede solidária com objetivos comuns, colocando frente a frente, de forma colaborativa, produtores e consumidores.

 

Nesse contexto, podemos dizer que o extensionista é mais um ator na peça protagonizada pelos produtores, com a função de facilitar a compreensão dos envolvidos na produção de alimentos e outros produtos oriundos das diversas cadeias produtivas trabalhadas no campo, com toda tecnologia e conhecimento envolvidos; resumindo, este extensionista é responsável pela Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) continuada.

 

Sendo a atuação desse técnico sempre em conjunto com aquele que conduz a produção agropecuária, podemos dizer que ambos contribuem para o desenvolvimento rural sustentável. No Brasil, existe a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Pnater), instituída pela Lei Federal n.º 12.188/2010, cujos princípios trazem estão descritos no Art. 3.º :

I - desenvolvimento rural sustentável, compatível com a utilização adequada dos recursos naturais e com a preservação do meio ambiente;

II - gratuidade, qualidade e acessibilidade aos serviços de assistência técnica e extensão rural;

III - adoção de metodologia participativa, com enfoque multidisciplinar, interdisciplinar e intercultural, buscando a construção da cidadania e a democratização da gestão da política pública;

IV - adoção dos princípios da agricultura de base ecológica como enfoque preferencial para o desenvolvimento de sistemas de produção sustentáveis;

V - equidade nas relações de gênero, geração, raça e etnia e;

VI - contribuição para a segurança e soberania alimentar e nutricional.

 

A fim de que esses princípios sejam alcançados é necessário que os governos municipais, estaduais e federal estejam comprometidos com a Ater que é uma ferramenta para melhorar a renda e a qualidade de vida da família rural, o que pode ser obtido por meio do aperfeiçoamento dos sistemas produtivos, acesso às políticas públicas, crédito rural, serviços e renda, de forma adequada e sustentável. Os benefícios oriundos desse trabalho não se restringem ao meio rural, mas abrangem a todos os setores econômicos, direta e indiretamente.

 

No estado de São Paulo, a Ater pública é gerida pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), por meio da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS) e também pela Secretaria de Justiça e Cidadania, por meio da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp), que atua especificamente junto a assentados e comunidades quilombolas. O grande êxito nos seus projetos se deve ao fato de possuir um corpo técnico qualificado, grande capilaridade nos municípios paulistas, por meio das Casas de Agricultura  e atuação continuada junto aos produtores. Existem ainda ações pontuais de Ater realizadas por organizações como Sindicatos Rurais, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Instituto Nacional de Colonização de Reforma Agrária (Incra), pela iniciativa privada e outras organizações com projetos relacionados ao tema.

 

A Ater paulista atua em conjunto com universidades e institutos de pesquisas, públicos e privados. Forma-se com isso, uma triangulação composta pelo Ensino, Pesquisa e Extensão Rural, consolidando a essência da Ater de levar as inovações tecnológicas, informações técnicas e políticas públicas ao produtor rural, por meio das ações do extensionista. Podemos ainda dizer que essa tríade gera conhecimentos e oportunidades de renda e emprego, que transformam vidas e paisagens no campo.

 

 

 *Extensionista da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável – CDRS

Secretaria de Agricultura e Abastecimento – SAA

 

 

 

Foto: Agricultor Paulo G. Pacheco

Certificado Orgânico

São Roque - SP

 

 


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