*Eng. Agr. Hemerson Fernandes Calgaro
A produção de alimentos, atividade realizada no meio rural ou até mesmo em áreas urbanas e periurbanas, é prática rotineira na vida do agricultor(a) e sua família, pessoas responsáveis pelos produtos que chegam à mesa da população todos os dias. Mas para que esse ciclo se complete, ao lado dos produtores estão os extensionista rurais, técnicos que os auxiliam na produção desde o planejamento, semeadura, condução, manejo, tratos culturais, colheita, comercialização e acesso ao mercado, bem como na organização social pela formação de uma associação ou cooperativa, ou ainda, na consolidação de uma rede solidária com objetivos comuns, colocando frente a frente, de forma colaborativa, produtores e consumidores.
Nesse contexto, podemos dizer que
o extensionista é mais um ator na peça protagonizada pelos produtores, com a
função de facilitar a compreensão dos envolvidos na produção de alimentos e
outros produtos oriundos das diversas cadeias produtivas trabalhadas no campo,
com toda tecnologia e conhecimento envolvidos; resumindo, este extensionista é
responsável pela Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) continuada.
Sendo a atuação desse técnico sempre em
conjunto com aquele que conduz a produção agropecuária, podemos dizer que ambos
contribuem para o desenvolvimento rural sustentável. No Brasil, existe a
Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Pnater), instituída
pela Lei Federal n.º 12.188/2010, cujos princípios trazem estão descritos no
Art. 3.º :
I - desenvolvimento rural sustentável, compatível com a utilização
adequada dos recursos naturais e com a preservação do meio ambiente;
II - gratuidade, qualidade e acessibilidade aos serviços de assistência
técnica e extensão rural;
III - adoção de metodologia participativa, com enfoque multidisciplinar,
interdisciplinar e intercultural, buscando a construção da cidadania e a democratização
da gestão da política pública;
IV - adoção dos princípios da agricultura de base ecológica como enfoque
preferencial para o desenvolvimento de sistemas de produção sustentáveis;
V - equidade nas relações de gênero, geração, raça e etnia e;
VI - contribuição para a segurança e soberania alimentar e nutricional.
A fim de que esses princípios sejam
alcançados é necessário que os governos municipais, estaduais e federal estejam
comprometidos com a Ater que é uma ferramenta para melhorar a renda e a qualidade
de vida da família rural, o que pode ser obtido por meio do aperfeiçoamento dos
sistemas produtivos, acesso às políticas públicas, crédito rural, serviços e renda,
de forma adequada e sustentável. Os benefícios oriundos desse trabalho não se
restringem ao meio rural, mas abrangem a todos os setores econômicos, direta e
indiretamente.
No estado de São Paulo, a Ater pública
é gerida pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), por meio da
Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS) e também pela
Secretaria de Justiça e Cidadania, por meio da Fundação Instituto de Terras do
Estado de São Paulo (Itesp), que atua especificamente junto a assentados e
comunidades quilombolas. O grande êxito nos seus projetos se deve ao fato de
possuir um corpo técnico qualificado, grande capilaridade nos municípios
paulistas, por meio das Casas de Agricultura e atuação continuada junto
aos produtores. Existem ainda ações pontuais de Ater realizadas por
organizações como Sindicatos Rurais, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
(Senar) Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (Sebrae),
Instituto Nacional de Colonização de Reforma Agrária (Incra), pela iniciativa
privada e outras organizações com projetos relacionados ao tema.
A Ater paulista atua em conjunto com
universidades e institutos de pesquisas, públicos e privados. Forma-se com
isso, uma triangulação composta pelo
Ensino, Pesquisa e Extensão Rural, consolidando a essência da Ater de levar as
inovações tecnológicas, informações técnicas e políticas públicas ao produtor
rural, por meio das ações do extensionista. Podemos ainda dizer que essa tríade
gera conhecimentos e oportunidades de renda e emprego, que transformam vidas e
paisagens no campo.
Secretaria de Agricultura e Abastecimento – SAA
Foto: Agricultor
Paulo G. Pacheco
Certificado Orgânico
São Roque - SP
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